domingo, 22 de maio de 2016

O que faz a felicidade dos exportadores felizes

Por Sara Raquel Reis

Nos últimos meses, percebi certa dificuldade - quase impossibilidade - em encontrar frutas de boa qualidade nos supermercados e feiras livres. E sempre escuto de vendedores e outros compradores a frase "é por causa da seca". Mas então, me deparo com a seguinte matéria Cresce em quase 121% a exportaçãode frutas do Vale do São Francisco, no portal de notícias G1 de Petrolina e região e derivada do release publicado no site da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Esses dados são resultado da irrigação, que faz do Vale do São Francisco o pólo da fruticultura irrigada no Brasil.

Segundo a reportagem, "os exportadores estão comemorando a quantidade de frutas vendidas para Europa, Ásia e Estados Unidos". Infelizmente, para a população do Vale do São Francisco, que não faz sua feira em nenhum desses três lugares, esse dado não diz muita coisa. Ou melhor, diz o porquê de só encontrarem refugo à venda.

É impossível analisar essa matéria sem lembrar os resultados do Índice da Cesta Básica (ICB) do mesmo mês que diz "Estas exportações reduzem a disponibilidade do produto no mercado interno e elevam o custo de produção de seus derivados". O aumento do dólar, que oscila, mas não cai, é propício para os produtores lucrarem com a exportação.

Não há erro de dados - até onde sabemos - na matéria, mas há omissão do outro ângulo dos fatos. O que move a exportação? Como ela lida com a estiagem? Como ela interfere na qualidade dos produtos que consumimos? A assessoria da Infraero não tem obrigação de trazer esses esclarecimentos para o público, mas o jornalismo tem.

Infelizmente, essa omissão não aconteceu apenas nessa matéria, mas também na divulgação dos dados do ICB feita no GRTV 2ª edição, no dia 13 de maio. Isso mostra uma falta de atenção com o valor serviço que a notícia poderia e deveria ter. É função do jornalismo não apenas informar, mas interpretar, dar sentido e estimular a reflexão sobre os temas. 

A matéria de Crítica da Mídia tem o objetivo de nos fazer apurar o olhar para o cumprimento dessa função na nossa mídia. Mas essa tarefa de analisar os meios de comunicação e apontar suas falhas na prestação de serviço à sociedade é mais complexa do que pode parecer, pois deve levar em consideração aspectos que não estão expostos nas notícias. É necessário um conhecimento e criticidade que só com a experiência pode ser desenvolvido. Vai além das matérias da faculdade, mas começa por elas.

sábado, 21 de maio de 2016

O processo de construção de matérias nos veículos do Vale do São Francisco


 Por Elinete carvalho
O sensacionalismo impera nas notícias divulgadas nos blogs, portais e sites  do Vale São do francisco. Ao analisar os tipos de conteúdos veiculados no site Petrolina News fica notório o interesse da imprensa em buscar assuntos que provocam escândalos ou chocam a sociedade, pois a maioria das matérias publicadas na última semana são sobre violência.

Na editoria destinada a ocorrências  policiais do dia 17, foram publicadas quatro postagens com fatos polêmicos, como agressões e homicídios, além de diversos links com temas relacionados. Todas as notícias possuem fotos e até vídeos chocantes de pessoas caídas e ensanguentadas no momento do acontecimento.

Entre as diversas notícias sensacionalistas, uma delas me chamou atenção, a de um estrupador de crianças que foi espancado no presídio de Juazeiro/BA. O texto não traz muitas informações, só possui uma simples nota com apenas um paragrafo. O destaque da matéria se deu através da imagem do cidadão todo ferido em cima de uma maca, momento em que chegou ao hospital.http://www.petrolinanews.com.br/2016/05/estuprador-de-crianca-de-4-anos-foi.html

Mas a questão norteadora do problema é porque esse tipo de postagens, na maioria dos casos, são de pessoas menos favorecidas? Será que é só pelo fato destas pessoas não terem acesso ao seus direitos cabíveis? Ou começa com a falta de profissionais qualificados na área e o comprometimento com a ética e o seu papel social? Está na hora da categoria repensar o seu dever como comunicólogo.

Os conteúdos discutidos durante as aulas da disciplina crítica da mídia foram de extrema importância para o nosso conhecimento e formação profissional, principalmente em relação  ao nosso papel social e dever com a apuração e divulgação da notícia de acordo com o interesse do público.


A experiência com as produções e publicações no blog Observatório da Mídia do Vale do São Francisco também foi bastante relevante, na medida em que contribuiu com o nosso desenvolvimento crítico e aprimoramento da nossa escrita. Além do seminário realizado com profissionais no campo jornalístico que possibilitou uma troca de aprendizagem.

Jornalismo não se faz de uma fonte só


Por Vanessa Luz

Há um debate urgente a se fazer: quais as diferenças entre o fazer jornalístico de alguns blogs regionais e qualquer outra forma de jornalismo?

Ao meu ver nenhum. Realizar apurações é um quesito básico na produção de qualquer produto jornalístico. Então o que dizer de uma matéria como essa: http://blogedenevaldoalves.com.br/vereador-denuncia-juazeiro-nao-possui-selo-federal-para-realizar-o-abate-de-carnes-de-outro-estado/. Trata-se de uma denúncia realizada pelo vereador Ronaldo Souza (PTB), única fonte, sobre a falta de autorização federal do Matadouro Público de Juazeiro, para comercialização de carne interestadual.

Apuração é um dos estágios do processo da produção jornalística, no qual se procura informações que possam ou não ser empregadas no texto final. Entram nesse procedimento, ir até o local dos acontecimentos, ouvir envolvidos, pesquisar documentos, entrevistar  FONTES. Mas não é o que vemos, não apenas nessa matéria ou blog, mas em tantas outras e outros, intitulados jornalísticos.

Vale lembrar que o fazer jornalismo é cheio de tramas, redes de forças e rotinas de trabalho que fazem com que a notícia ultrapasse as expectativas de mera informação. No que se refere aos Observatórios da Mídia, eles surgem como agentes de encorajamento à reflexão e à participação da sociedade em prol de uma democratização e conscientização para um melhor desenvolvimento dos meios de comunicação e do jornalismo, um espaço crítico para debater temas e expor opiniões com embasamento. 


Essa não singularidade serve-nos para questionar e procurar despertar as potencialidades do jornalismo feito na região. É importante pesquisar e produzir conhecimento sobre esses temas para que possamos reivindicar um outro modelo de jornalismo, que vá além de categorias como assassinato, denúncia, roubos, acidentes ou releases. Esses meios devem ser analisados e repensados sobre seu papel e consequências, seja no sistema produtivo da mídia ou na sociedade.

Quando a mídia fala das oligarquias sem medo

                                                                                       Por Jorge Luis

 

A reportagem publicada no blog de notícias Ponto Crítico intitulada Oligarquia Coelho: uma história de oportunismo, patrimonialismo e apoio a golpe de Estado, sobre a trajetória da família Coelho ao longo de quatro gerações na história política brasileira, é de grande importância nesse momento de uma crise institucional em que passa o país.

É muito raro encontrar na mídia da região  algo tão contundente e escrito com tanta lucidez sobre o clã Coelho que domina politicamente há quatro gerações a região. A reportagem é importante para que a população local possa identificar como políticos de famílias tradicionais se comportaram diante do ataque a democracia brasileira.
Ao fazer um apanhado histórico desde que o Coronel Quelê (Clementino de Souza Coelho) foi eleito vice-prefeito de Petrolina, inaugurando uma dinâmica de dominação política regional baseada em apoio que vai desde a ditadura militar a presidentes eleitos ou não pelo voto popular.
O domínio político da família Coelho é esmiuçado ao longo da reportagem, desde a participação do Senador Nilo Coelho nos governos ditatoriais, aos conchavos feitos por ele para chegar a presidência da Câmara, culminando com a ascensão do seu sobrinho Fernando Bezerra ao Ministério da integração nacional no governo Dilma Rousseff, de 2011 a 2013. Atualmente como senador da República participou ativamente como apoiador e articulador do impeachment da presidenta Dilma.
Ao publicar a reportagem sobre a família Coelho, o blog Ponto Crítico nos fala do espaço de poder que a mídia tem de debater e mediar, e ao fazer seu papel na sociedade que é o de informar e expor idéias, de formar cidadãos críticos e conscientes, assim a sua parcela de colaboração e formação política e cultural na sociedade é significativa.
A  cadeira de Crítica da Mídia foi de extrema valia para o meu futuro como jornalista. Me aprofundei nos conhecimentos e nos questionamentos do papel da mídia nos dias atuais, além do embasamento e de criar uma nova visão sobre a nossa realidade de  construtores de notícia.
 O blog Observatório da Mídia foi essencial para o nosso empoderamento como futuros profissionais, e nos fez compreender como muitas vezes a produção jornalística é difícil e ao mesmo tempo prazerosa no seu labor
O Seminário de Crítica da Mídia me deu uma visão menos romântica do mercado de trabalho, e me ajudou a tomar uma decisão que vinha amadurecendo há um longo tempo.

http://pontocritico.org/13/05/2016/oligarquia-coelho-uma-historia-de-oportunismo-patrimonialismo-e-apoio-a-golpes-de-estado/

                                                            






Jornalismo com apuração

Por: Beatriz Souza
Militantes de movimentos sociais travam lutas diárias para falar sobre assuntos que a maioria da população tenta ignorar. Essa semana foi comemorado o dia Nacional de luta contra o Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, e é muito importante explorar a data e abrir um debate sobre a causa.
Sobre o assunto o blog Ponto Crítico produziu uma matéria muito interessante sobre o tema, não foi uma cópia de um texto institucional (como fez o blog de Edenevaldo Alves),  ou uma nota, ou um cartão com a data, mas um texto esclarecedor e coerente, diferente dos textos produzidos na maioria dos outros blogs, que escrevem pouco com medo do leitor não se interessar e desistir da leitura pelo tamanho extenso da matéria.
No texto é explicado o porque da escolha da data, e são expostas entrevistas com fontes oficias sobre o tema como a do promotor titular da Primeira Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania com atuação junto a Vara da Infância e Juventude de Petrolina, que fala da importância da criação de políticas públicas e educacionais eficientes para tentar diminuir esses crimes, no texto também  há opinião de um psicólogo da área que discorre sobre os danos que o abuso causa à criança.
O promotor chama atenção para músicas machista,  ofensivas e incentivadoras do crime de abuso que são sendo tocadas livremente. Afinal quem nunca ouviu uma letra sobre  as "novinhas" menores de idade. Será que esses compositores já pararam para pensar que essa "novinha" é uma criança?!, é que  "relação" (ABUSO) com ela é crime?!. O pensamento machista e preconceituoso das pessoas mata milhares de  crianças todos os anos.
A matéria é composta por estatísticas sobre a violência e esclarece dúvidas sobre como realizar uma denúncia. Pode até parecer que o texto é bem normal, afinal toda matéria que se preza deve ter no mínimo três fontes, estatísticas, pesquisas apuradas e tudo mais, entretanto isso infelizmente não é comum nos blogs da região do Vale.


Acredito que é muito importante se questionar e discutir sobre o que é lido na mídia, ter  criticidade, buscar sempre mais de um canal e não ser influenciado por ninguém. A verdade é que há sempre mais de um lado da história, por isso devemos sempre desconfiar de um texto com apenas uma fonte. A disciplina de Critica da Mídia no curso de Comunicação Social da UNEB Juazeiro-BA, abriu espaço para discussão sobre o que estava sendo publicado pela mídia. A experiência foi bastante proveitosa, e os alunos puderam expor suas criticas em um blog, o Observatório da Imprensa que semanalmente faz análises sobre matérias publicadas na região. Além disso, também aconteceu um encontro com jornalistas da área de tv e rádio, durante o "Seminário de critica da mídia" que abriu espaço para a discussão sobre a qualidade da informação que está sendo produzida por aqui. 

O Mistério do Ministério

             
Por Dayane Késia
          Com os cortes orçamentários que o novo governo brasileiro vem adotando, uma medida parece ter sido repensada.  Agregar o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação parecia ser uma boa ideia, já que a proposta cultural também é educativa.   Mas se o custo/benefício traria tantos vantagens assim por que  então o novo governo pretende "devolver" o Ministério? A resposta foi dada no Blog de Reinaldo Azevedo, que por coincidência ou não, está hospedado no site da Revista Veja. A matéria intitulada "EXCLUSIVO – Temer vai devolver à Cultura o status de Ministério na segunda", é uma espécie de carta em defesa do novo governo que pretende apaziguar os ânimos do povo brasileiro. 
           As manifestações contra o fim do Minc mostram que uma das "crises" que o país vivencia acontece desde sua colonização, mas só agora entra de fato em discussão. Reinaldo não entoa em seu discurso de defesa nem para enaltecer, que o governo se preocupa com as questões de diversidade, e por isso reconheceu a importância do ministério, mas o jornalista esquece que o Brasil é um país miscigenado e por isso apresenta tantas características.
       Na obra do Antropólogo Darcy Ribeiro já se reconhecia a importância  da diversidade cultural, enquanto que para o texto de Reinaldo a maior importância é mostrar que o governo Dilma errou mais do que o governo Temer, uma lástima para o texto e para o Brasil pensar assim, o Minc é uma forma de enxergar desde as comunidades indígenas da Amazônia até os sertanejos do Nordeste, não é só coisa de artista como muita gente pensa. 
        Discutir esse tipo de produção faz com que pensemos na estrutura do nosso país e reconhecer a raiz de muito dos problemas que enfrentamos hoje, entendendo  não só o valor-notícia das matérias, como também a falta de valor de grande parte delas. Criticar a produção de nosso futuros colegas de trabalho, nos faz pensar no que iremos produzir futuramente e reconhecer antes mesmo de escrever o que já se pode ser considerado como errado e acima de tudo saber que nossas produções devem ser um ato emancipador para o leitor.

Tutorial de como fazer campanha eleitoral sem fazer campanha eleitoral

Por Karen Lima

A disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores de Petrolina, já rende matérias de promoção de pré-candidatos. O exemplo disso é a matéria com o título "Aos 21 anos, estudante petrolinense vai tentar pela primeira vez uma vaga na Casa Plínio Amorim: 'Renovação'", publicada no Blog do Carlos Britto, ontem (20). A matéria do blog consegue desenhar um perfil para o pré-candidato, Manoel Ferreira (PSDC), relacionando ele à ideia de uma pessoa contra a corrupção, que é humanizada preocupada com o povo, e que é símbolo da juventude, possibilitando uma renovação e esperança no atual cenário político.
Tudo isso é feito através de falas selecionadas do próprio pré-candidato. Depois da autopromoção, clara no texto, fica a sensação de que sua campanha política já começou e esta matéria é um exemplo disso. Isto fica ainda mais claro ao se ler, na matéria, comentários de leitores como: "gostei da ideia desse candidato", "já tenho em quem votar", "comungo dos pensamentos dele, pena que já tenho em quem votar", "vai com Deus garoto e sempre com a verdade na frente…".
Mas seria um Blog, que se vende como jornalístico, o espaço coerente para um texto que enaltece um pré-candidato? Uma matéria em que informa a sua candidatura e usa o próprio político como fonte? Que não se aprofunda em sua trajetória política, que não traz dados, não busca outras fontes de conhecimento?  São estas questões que nos chegam à mente ao ler, criteriosamente, as produções jornalísticas que temos contato no dia-a-dia. 
O hábito de refletir, analisar e se embasar para, assim, poder criticar. Esta foi a proposta da disciplina "Crítica da Mídia", que foi desenvolvida por meio de leituras sobre o papel do jornalismo e o como ele vem sendo realizado, tanto no âmbito local, como nacional. A experiência de um observatório da mídia, traz um aprofundamento dessas análises realizadas em salas de aula, sendo um espaço para aprendermos, como estudantes de jornalismo, que logo mais estarão no mercado de trabalho atuando como profissionais, como para a população saber o que se é discutido na universidade. Muito além disso, para que a população tenha conhecimento de  um outro olhar sobre o que circula em suas redes sociais, nos portais de notícias e jornais que consomem. Precisamos construir mais espaços de discussão para que todos os olhares, ainda que olhares, vejam, mas também possam ser voz.