domingo, 22 de maio de 2016

O que faz a felicidade dos exportadores felizes

Por Sara Raquel Reis

Nos últimos meses, percebi certa dificuldade - quase impossibilidade - em encontrar frutas de boa qualidade nos supermercados e feiras livres. E sempre escuto de vendedores e outros compradores a frase "é por causa da seca". Mas então, me deparo com a seguinte matéria Cresce em quase 121% a exportaçãode frutas do Vale do São Francisco, no portal de notícias G1 de Petrolina e região e derivada do release publicado no site da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Esses dados são resultado da irrigação, que faz do Vale do São Francisco o pólo da fruticultura irrigada no Brasil.

Segundo a reportagem, "os exportadores estão comemorando a quantidade de frutas vendidas para Europa, Ásia e Estados Unidos". Infelizmente, para a população do Vale do São Francisco, que não faz sua feira em nenhum desses três lugares, esse dado não diz muita coisa. Ou melhor, diz o porquê de só encontrarem refugo à venda.

É impossível analisar essa matéria sem lembrar os resultados do Índice da Cesta Básica (ICB) do mesmo mês que diz "Estas exportações reduzem a disponibilidade do produto no mercado interno e elevam o custo de produção de seus derivados". O aumento do dólar, que oscila, mas não cai, é propício para os produtores lucrarem com a exportação.

Não há erro de dados - até onde sabemos - na matéria, mas há omissão do outro ângulo dos fatos. O que move a exportação? Como ela lida com a estiagem? Como ela interfere na qualidade dos produtos que consumimos? A assessoria da Infraero não tem obrigação de trazer esses esclarecimentos para o público, mas o jornalismo tem.

Infelizmente, essa omissão não aconteceu apenas nessa matéria, mas também na divulgação dos dados do ICB feita no GRTV 2ª edição, no dia 13 de maio. Isso mostra uma falta de atenção com o valor serviço que a notícia poderia e deveria ter. É função do jornalismo não apenas informar, mas interpretar, dar sentido e estimular a reflexão sobre os temas. 

A matéria de Crítica da Mídia tem o objetivo de nos fazer apurar o olhar para o cumprimento dessa função na nossa mídia. Mas essa tarefa de analisar os meios de comunicação e apontar suas falhas na prestação de serviço à sociedade é mais complexa do que pode parecer, pois deve levar em consideração aspectos que não estão expostos nas notícias. É necessário um conhecimento e criticidade que só com a experiência pode ser desenvolvido. Vai além das matérias da faculdade, mas começa por elas.

sábado, 21 de maio de 2016

O processo de construção de matérias nos veículos do Vale do São Francisco


 Por Elinete carvalho
O sensacionalismo impera nas notícias divulgadas nos blogs, portais e sites  do Vale São do francisco. Ao analisar os tipos de conteúdos veiculados no site Petrolina News fica notório o interesse da imprensa em buscar assuntos que provocam escândalos ou chocam a sociedade, pois a maioria das matérias publicadas na última semana são sobre violência.

Na editoria destinada a ocorrências  policiais do dia 17, foram publicadas quatro postagens com fatos polêmicos, como agressões e homicídios, além de diversos links com temas relacionados. Todas as notícias possuem fotos e até vídeos chocantes de pessoas caídas e ensanguentadas no momento do acontecimento.

Entre as diversas notícias sensacionalistas, uma delas me chamou atenção, a de um estrupador de crianças que foi espancado no presídio de Juazeiro/BA. O texto não traz muitas informações, só possui uma simples nota com apenas um paragrafo. O destaque da matéria se deu através da imagem do cidadão todo ferido em cima de uma maca, momento em que chegou ao hospital.http://www.petrolinanews.com.br/2016/05/estuprador-de-crianca-de-4-anos-foi.html

Mas a questão norteadora do problema é porque esse tipo de postagens, na maioria dos casos, são de pessoas menos favorecidas? Será que é só pelo fato destas pessoas não terem acesso ao seus direitos cabíveis? Ou começa com a falta de profissionais qualificados na área e o comprometimento com a ética e o seu papel social? Está na hora da categoria repensar o seu dever como comunicólogo.

Os conteúdos discutidos durante as aulas da disciplina crítica da mídia foram de extrema importância para o nosso conhecimento e formação profissional, principalmente em relação  ao nosso papel social e dever com a apuração e divulgação da notícia de acordo com o interesse do público.


A experiência com as produções e publicações no blog Observatório da Mídia do Vale do São Francisco também foi bastante relevante, na medida em que contribuiu com o nosso desenvolvimento crítico e aprimoramento da nossa escrita. Além do seminário realizado com profissionais no campo jornalístico que possibilitou uma troca de aprendizagem.

Jornalismo não se faz de uma fonte só


Por Vanessa Luz

Há um debate urgente a se fazer: quais as diferenças entre o fazer jornalístico de alguns blogs regionais e qualquer outra forma de jornalismo?

Ao meu ver nenhum. Realizar apurações é um quesito básico na produção de qualquer produto jornalístico. Então o que dizer de uma matéria como essa: http://blogedenevaldoalves.com.br/vereador-denuncia-juazeiro-nao-possui-selo-federal-para-realizar-o-abate-de-carnes-de-outro-estado/. Trata-se de uma denúncia realizada pelo vereador Ronaldo Souza (PTB), única fonte, sobre a falta de autorização federal do Matadouro Público de Juazeiro, para comercialização de carne interestadual.

Apuração é um dos estágios do processo da produção jornalística, no qual se procura informações que possam ou não ser empregadas no texto final. Entram nesse procedimento, ir até o local dos acontecimentos, ouvir envolvidos, pesquisar documentos, entrevistar  FONTES. Mas não é o que vemos, não apenas nessa matéria ou blog, mas em tantas outras e outros, intitulados jornalísticos.

Vale lembrar que o fazer jornalismo é cheio de tramas, redes de forças e rotinas de trabalho que fazem com que a notícia ultrapasse as expectativas de mera informação. No que se refere aos Observatórios da Mídia, eles surgem como agentes de encorajamento à reflexão e à participação da sociedade em prol de uma democratização e conscientização para um melhor desenvolvimento dos meios de comunicação e do jornalismo, um espaço crítico para debater temas e expor opiniões com embasamento. 


Essa não singularidade serve-nos para questionar e procurar despertar as potencialidades do jornalismo feito na região. É importante pesquisar e produzir conhecimento sobre esses temas para que possamos reivindicar um outro modelo de jornalismo, que vá além de categorias como assassinato, denúncia, roubos, acidentes ou releases. Esses meios devem ser analisados e repensados sobre seu papel e consequências, seja no sistema produtivo da mídia ou na sociedade.

Quando a mídia fala das oligarquias sem medo

                                                                                       Por Jorge Luis

 

A reportagem publicada no blog de notícias Ponto Crítico intitulada Oligarquia Coelho: uma história de oportunismo, patrimonialismo e apoio a golpe de Estado, sobre a trajetória da família Coelho ao longo de quatro gerações na história política brasileira, é de grande importância nesse momento de uma crise institucional em que passa o país.

É muito raro encontrar na mídia da região  algo tão contundente e escrito com tanta lucidez sobre o clã Coelho que domina politicamente há quatro gerações a região. A reportagem é importante para que a população local possa identificar como políticos de famílias tradicionais se comportaram diante do ataque a democracia brasileira.
Ao fazer um apanhado histórico desde que o Coronel Quelê (Clementino de Souza Coelho) foi eleito vice-prefeito de Petrolina, inaugurando uma dinâmica de dominação política regional baseada em apoio que vai desde a ditadura militar a presidentes eleitos ou não pelo voto popular.
O domínio político da família Coelho é esmiuçado ao longo da reportagem, desde a participação do Senador Nilo Coelho nos governos ditatoriais, aos conchavos feitos por ele para chegar a presidência da Câmara, culminando com a ascensão do seu sobrinho Fernando Bezerra ao Ministério da integração nacional no governo Dilma Rousseff, de 2011 a 2013. Atualmente como senador da República participou ativamente como apoiador e articulador do impeachment da presidenta Dilma.
Ao publicar a reportagem sobre a família Coelho, o blog Ponto Crítico nos fala do espaço de poder que a mídia tem de debater e mediar, e ao fazer seu papel na sociedade que é o de informar e expor idéias, de formar cidadãos críticos e conscientes, assim a sua parcela de colaboração e formação política e cultural na sociedade é significativa.
A  cadeira de Crítica da Mídia foi de extrema valia para o meu futuro como jornalista. Me aprofundei nos conhecimentos e nos questionamentos do papel da mídia nos dias atuais, além do embasamento e de criar uma nova visão sobre a nossa realidade de  construtores de notícia.
 O blog Observatório da Mídia foi essencial para o nosso empoderamento como futuros profissionais, e nos fez compreender como muitas vezes a produção jornalística é difícil e ao mesmo tempo prazerosa no seu labor
O Seminário de Crítica da Mídia me deu uma visão menos romântica do mercado de trabalho, e me ajudou a tomar uma decisão que vinha amadurecendo há um longo tempo.

http://pontocritico.org/13/05/2016/oligarquia-coelho-uma-historia-de-oportunismo-patrimonialismo-e-apoio-a-golpes-de-estado/

                                                            






Jornalismo com apuração

Por: Beatriz Souza
Militantes de movimentos sociais travam lutas diárias para falar sobre assuntos que a maioria da população tenta ignorar. Essa semana foi comemorado o dia Nacional de luta contra o Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, e é muito importante explorar a data e abrir um debate sobre a causa.
Sobre o assunto o blog Ponto Crítico produziu uma matéria muito interessante sobre o tema, não foi uma cópia de um texto institucional (como fez o blog de Edenevaldo Alves),  ou uma nota, ou um cartão com a data, mas um texto esclarecedor e coerente, diferente dos textos produzidos na maioria dos outros blogs, que escrevem pouco com medo do leitor não se interessar e desistir da leitura pelo tamanho extenso da matéria.
No texto é explicado o porque da escolha da data, e são expostas entrevistas com fontes oficias sobre o tema como a do promotor titular da Primeira Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania com atuação junto a Vara da Infância e Juventude de Petrolina, que fala da importância da criação de políticas públicas e educacionais eficientes para tentar diminuir esses crimes, no texto também  há opinião de um psicólogo da área que discorre sobre os danos que o abuso causa à criança.
O promotor chama atenção para músicas machista,  ofensivas e incentivadoras do crime de abuso que são sendo tocadas livremente. Afinal quem nunca ouviu uma letra sobre  as "novinhas" menores de idade. Será que esses compositores já pararam para pensar que essa "novinha" é uma criança?!, é que  "relação" (ABUSO) com ela é crime?!. O pensamento machista e preconceituoso das pessoas mata milhares de  crianças todos os anos.
A matéria é composta por estatísticas sobre a violência e esclarece dúvidas sobre como realizar uma denúncia. Pode até parecer que o texto é bem normal, afinal toda matéria que se preza deve ter no mínimo três fontes, estatísticas, pesquisas apuradas e tudo mais, entretanto isso infelizmente não é comum nos blogs da região do Vale.


Acredito que é muito importante se questionar e discutir sobre o que é lido na mídia, ter  criticidade, buscar sempre mais de um canal e não ser influenciado por ninguém. A verdade é que há sempre mais de um lado da história, por isso devemos sempre desconfiar de um texto com apenas uma fonte. A disciplina de Critica da Mídia no curso de Comunicação Social da UNEB Juazeiro-BA, abriu espaço para discussão sobre o que estava sendo publicado pela mídia. A experiência foi bastante proveitosa, e os alunos puderam expor suas criticas em um blog, o Observatório da Imprensa que semanalmente faz análises sobre matérias publicadas na região. Além disso, também aconteceu um encontro com jornalistas da área de tv e rádio, durante o "Seminário de critica da mídia" que abriu espaço para a discussão sobre a qualidade da informação que está sendo produzida por aqui. 

O Mistério do Ministério

             
Por Dayane Késia
          Com os cortes orçamentários que o novo governo brasileiro vem adotando, uma medida parece ter sido repensada.  Agregar o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação parecia ser uma boa ideia, já que a proposta cultural também é educativa.   Mas se o custo/benefício traria tantos vantagens assim por que  então o novo governo pretende "devolver" o Ministério? A resposta foi dada no Blog de Reinaldo Azevedo, que por coincidência ou não, está hospedado no site da Revista Veja. A matéria intitulada "EXCLUSIVO – Temer vai devolver à Cultura o status de Ministério na segunda", é uma espécie de carta em defesa do novo governo que pretende apaziguar os ânimos do povo brasileiro. 
           As manifestações contra o fim do Minc mostram que uma das "crises" que o país vivencia acontece desde sua colonização, mas só agora entra de fato em discussão. Reinaldo não entoa em seu discurso de defesa nem para enaltecer, que o governo se preocupa com as questões de diversidade, e por isso reconheceu a importância do ministério, mas o jornalista esquece que o Brasil é um país miscigenado e por isso apresenta tantas características.
       Na obra do Antropólogo Darcy Ribeiro já se reconhecia a importância  da diversidade cultural, enquanto que para o texto de Reinaldo a maior importância é mostrar que o governo Dilma errou mais do que o governo Temer, uma lástima para o texto e para o Brasil pensar assim, o Minc é uma forma de enxergar desde as comunidades indígenas da Amazônia até os sertanejos do Nordeste, não é só coisa de artista como muita gente pensa. 
        Discutir esse tipo de produção faz com que pensemos na estrutura do nosso país e reconhecer a raiz de muito dos problemas que enfrentamos hoje, entendendo  não só o valor-notícia das matérias, como também a falta de valor de grande parte delas. Criticar a produção de nosso futuros colegas de trabalho, nos faz pensar no que iremos produzir futuramente e reconhecer antes mesmo de escrever o que já se pode ser considerado como errado e acima de tudo saber que nossas produções devem ser um ato emancipador para o leitor.

Tutorial de como fazer campanha eleitoral sem fazer campanha eleitoral

Por Karen Lima

A disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores de Petrolina, já rende matérias de promoção de pré-candidatos. O exemplo disso é a matéria com o título "Aos 21 anos, estudante petrolinense vai tentar pela primeira vez uma vaga na Casa Plínio Amorim: 'Renovação'", publicada no Blog do Carlos Britto, ontem (20). A matéria do blog consegue desenhar um perfil para o pré-candidato, Manoel Ferreira (PSDC), relacionando ele à ideia de uma pessoa contra a corrupção, que é humanizada preocupada com o povo, e que é símbolo da juventude, possibilitando uma renovação e esperança no atual cenário político.
Tudo isso é feito através de falas selecionadas do próprio pré-candidato. Depois da autopromoção, clara no texto, fica a sensação de que sua campanha política já começou e esta matéria é um exemplo disso. Isto fica ainda mais claro ao se ler, na matéria, comentários de leitores como: "gostei da ideia desse candidato", "já tenho em quem votar", "comungo dos pensamentos dele, pena que já tenho em quem votar", "vai com Deus garoto e sempre com a verdade na frente…".
Mas seria um Blog, que se vende como jornalístico, o espaço coerente para um texto que enaltece um pré-candidato? Uma matéria em que informa a sua candidatura e usa o próprio político como fonte? Que não se aprofunda em sua trajetória política, que não traz dados, não busca outras fontes de conhecimento?  São estas questões que nos chegam à mente ao ler, criteriosamente, as produções jornalísticas que temos contato no dia-a-dia. 
O hábito de refletir, analisar e se embasar para, assim, poder criticar. Esta foi a proposta da disciplina "Crítica da Mídia", que foi desenvolvida por meio de leituras sobre o papel do jornalismo e o como ele vem sendo realizado, tanto no âmbito local, como nacional. A experiência de um observatório da mídia, traz um aprofundamento dessas análises realizadas em salas de aula, sendo um espaço para aprendermos, como estudantes de jornalismo, que logo mais estarão no mercado de trabalho atuando como profissionais, como para a população saber o que se é discutido na universidade. Muito além disso, para que a população tenha conhecimento de  um outro olhar sobre o que circula em suas redes sociais, nos portais de notícias e jornais que consomem. Precisamos construir mais espaços de discussão para que todos os olhares, ainda que olhares, vejam, mas também possam ser voz.

Eleições ou Campanha partidária fora de hora?

Por: Lidiane Lopes

O blog de Edenevaldo Alves publicou uma noticia sobre eleições 2016 na cidade de Dormentes - PE, o título quase releva o teor da matéria, que diz: "Eleições 2016-Dormentes: Nossa união é forte e duradoura, afirma Josimara Cavalcante", acho que o blogueiro antes de publicar qualquer coisa sobre eleição precisa entender mais sobre esse sistema democrático que decide o futuro de uma comunidade.

Quando falamos de eleições em qualquer época, e principalmente em ano de eleição, primeiro precisamos situar o leitor do que é esse processo democrático e essa responsabilidade de escolha do representante da sua comunidade. Segundo quando colocamos um título tão parcial assim não estamos tendo o cuidado e a delicadeza de passar informação sem assumir posição de influencia, causando assim uma posição partidária em uma empresa de comunicação, que não deve ter vínculos com políticos e implicitamente fazem campanhas partidárias fora de época.

Em seguida a noticia é construída só na fala de Josimara Cavalcante, que não é identificada, só que é de tal partido diz que " selou de vez a união política" dela com deputado e senador de tais partidos. Acho que nosso blogueiro ta tentando vender o "peixe" e não noticia. O blogueiro para atrair o leitor coloca no inicio da noticia "Descontração e muitos planos visando melhores dias para o município de Dormentes", fazendo seu blog assumir mais um papel de coluna social que está na editoria de política, do que blog de notícias com credibilidade segundo o seu slogan.
  
O texto é curto e parece mais uma nota de assessoria, termina com a fala da Josimara Cavalcante que revela a possível candidatura, e aproveita para "encher a bola" do seu companheiro de partido "... vamos definir quem ficará com a cabeça da chapa, ou seja, quem será o candidato a prefeito, se for Geomarco pode ter certeza que vou ocupar a vaga de vice, com muita honra" falou Josimara. O ponto é um blog que divulga noticias das regiões deveria ter ao no mínimo um senso crítico ou um cuidado com certas noticias que divulgam para seus leitores, as influencias que causam e como publico vai receber as informações.

O que de fato é importante observar nessas críticas, nessas reflexões as mídias de comunicação da região? Bom o fazer jornalístico vai para além de postagem com bobagens sociais, é um atendimento, uma assistência, um registro da sociedade. Divulgamos como a sociedade funciona, o que ocorre na rotina do povo, a crítica vem para construir e debater se essas mídias realmente estão correspondendo a essa papel social, um papel que influência opiniões, posições e estímulos de todo uma comunidade.

A disciplina de crítica da mídia, no curso de comunicação social, vem para abrir a mente de futuros jornalistas a observações e reflexões dos cuidados que devemos ter com as noticias, matérias e reportagem que escreveremos, o blog criado durante a disciplina é uma prática para os alunos colocarem todas essas observações e o evento Seminário de Crítica da Mídia aproxima a mídia desses alunos, buscando um debate esclarecedor dos profissionais da área sobre esse papel da mídia.


O Temer pela visão do G1

Caio Alves

O Brasil passou de um país a beira do colapso para o país em reforma, nas páginas da Veja, nas palavras de William Bonner e nas notícias do G1. Enquanto a presidenta Dilma Rousseff estava governando o país, os meios de comunicação golpistas não deram sossego. Éramos bombardeados toda hora com vazamentos, prisões, charges difamando o governo e até a presidenta e muita propaganda anti o governo. Mas agora, tudo mudou. Voltamos a ser o país que não é permitido pensar em crise e não ter cultura.

No dia 12 de maio, o G1 fez uma matéria com o propósito de desenhar o perfil do Presidente Interino, Michel Temer, ou Michel de Temer (como a assessoria de imprensa dele gosta de postar no seu perfil no Twitter). Com o título Articulador discreto, Temer domina engrenagens do Congresso Nacional, a matéria escrita por Fabiano Costa traz a trajetória política do peemedebestaista desde os tempos que cursava Direito na Universidade de São Paulo (USP) e era o segundo-tesoureiro do centro acadêmico da faculdade. Mostra que não é de hoje que o seu lugar é para ser um mero vice-ilustrativo.

A matéria fala brevemente do envolvimento dele com o esquema de corrupção que atuava na Petrobras, mas é uma coisa tão breve que é abafada por uma nota que ele lançou para a imprensa quando foi citado na delação de Delcídio do Amaral. E depois falam que ele se tornou ficha suja e inelegível por oito anos, por ter doado dinheiro a campanhas acima do limite legal. Mas também é abafada por uma nota que a assessoria dele mandou para o G1: “houve um erro de cálculo na doação”.

Lembro das matérias longas com hiperlinks e até infográficos que o G1 fazia quando saía o nome de algum político da esquerda. Ficavam remoendo essa informação por semanas, mas como é a direita apadrinhada da Rede Globo, preferem esconder esses casos e falar da ‘vida pessoal discreta’da família Temer.

E da vida discreta dos Temers, ficamos sabendo que ele tem fama de pão-duro, que é um ‘gentleman’, detalhista, gosta de ler no avião e prefere ficar com a família nos fins de semana. Além de fazer caminhadas ‘para manter a saúde’. Esperando o próximo ‘Bem Estar’: Não perca hoje! Dicas de Michel Temer para manter a forma com 75 anos. Plim Plim.  

Acabou...

Calma, ainda temos que aturar mais um pouco de Temer, mas já já ele vai cair!


Hoje é o último dia de aula da disciplina ‘Crítica da Mídia’, aula empolgante aos sábados (sqn – é por causa do sábado). Foram aulas proveitosas e importantes para um futuro jornalista se colocar no outro lado balcão e saber o que passa na cabeça dos seus leitores (críticos). E assim tivemos a experiencia de praticas nossas escritas/criticas no blog do Observatório da Mídia do Vale do São Francisco e  do seminário de Crítica da Mídia. Espero que essa plataforma continue para os próximos períodos e quando eu tiver com a minha língua e dedos afiados volto a fazer uma visita por aqui. Abraço. 

As veiculações de cada dia e a falta de atrativo jornalístico


                                                                                                            Dida Maria

Empresas traçam diariamente estratégias para que a sua imagem seja de competência e ética apresentada ao seu público de interesse. Em se tratando de emissora de televisão o padrão Globo de Jornalismo é logo citado como limite a ser alcançado. Porém ainda lemos matéria veiculadas na nossa região com o mesmo jornalismo replicado, sem cuidado, jogado de qualquer jeito. E o copiou colou também faz parte do padrão estabelecido como ideal.

A  matéria publicada no G1 Petrolina no dia 21 de maio com o tema "Detento em condicional é preso com papelotes de maconha em Petrolina" (http://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2016/05/detento-em-condicional-e-preso-com-papelotes-de-maconha-em-petrolina.html), realizada de maneira a ficar evidente aos mais atentos a colagem do nosso já conhecido BO (Boletim de Ocorrência) do dia a dia , acompanhamos nas postagens nas páginas policiais dos demais blogs de notícias da região. Visto que as palavras utilizadas deixa transparente a escrita utilizada como "adentrou" ou "empreendeu", quem utiliza esses termos diariamente que levante a mão.

A inquietação nesse texto é que as notícias publicadas nos diversos blogs já tão conhecidos pelas práticas da colagem que tentamos encontrar algo diferenciado, mas nos deparamos com a mesma falta de criatividade de quem regularmente quer se apresentar "diferente". A matéria trás as informações da prisão, apreensão e que não esqueceu de acrescentar que a balança de precisão também foi autuada.

O panorama de notícias apresentadas pelas diversas plataformas utilizadas na nossa região já vem capengando a muitos anos, mesmo com uma faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) na cidade de Juazeiro (BA), os profissionais e também os não profissionais fazem ainda as mesmas matérias, as mesmas postagens, as mesmas veiculações. As novas tecnologias estão aí se oferecendo, porém o mercado regional continua oferecendo o feijão com arroz tão habitual. 

A disciplina de Crítica da Mídia, no projeto da criação do Observatório da Mídia do Vale do São Francisco, idealiza trazer a reflexão do que se escreve e como se escreve nos meios de comunicação local. A tentativa de refletir de como se faz o jornalismo diário nos diversas plataformas. O espaço virtual publica as críticas dos próprios alunos sobre as notícias que veiculam na sua maioria na mídia regional.

O objetivo desse projeto é desenvolver nos alunos o senso crítico na leitura das matérias em contraponto com os textos analisados e discutidos em sala de aula. São abordagens de um processo de não propagação do copiar e colar tão utilizado e considerado normal pelos jornalistas. 


 Com as discussões, criações e publicações desses textos realiza-se um papel importante a comunidade de análise das notícias apresentadas diariamente sem se importar com qualidade, com o valor notícia, porém na sua maioria em cobrir espaços e o leitor que se conforme com o prato sem graça, sem sabor e muito menos sem conteúdo de qualidade. 

Setor agrícola em alta na região e a imprensa repetindo os mesmo erros

Lucas Sobreira
A crise econômica está afetando a maioria dos trabalhadores brasileiros, aqui no Vale do São Francisco estamos na contramão dessa estatísticas, apesar de alguns setores estarem recuando na oferta de empregos, em outras áreas estão sendo gerados, como no setor de serviços. Prova disso é que Juazeiro está nas primeiras posições de geração de empregos no país, Petrolina não fica atrás. Mas o setor que mais têm se beneficiado da crise, e consequentemente da alta do dólar, é o de fruticultura irrigada que está vendo suas vendas para o exterior aumentarem em mais de 100%.

Em matéria publicada no G1 - Petrolina, no dia 18 de maio fala justamente disso: "Cresce em quase 121% a exportação de frutas do Vale do São Francisco". A reportagem fala com os produtores entusiasmados, que falam que apesar da diminuição das vendas no mercado interno, o externo supre a demanda. Há também na matéria a fala do vice-prefeito, deputado federal e agrônomo, Guilherme Coelho, sobre a sua nova jornada na Câmara Federal em defesa dos projetos irrigados da região.

Questionamos o por que de Guilherme Coelho ser um dos entrevistados, já que ele pertence a família dona do portal e a matéria está claramente direcionada para mostrar as benfeitorias que ele pretende realizar como na frase: "Ele diz que sua atuação será voltada para defender o setor produtivo agrícola e apoiar o incentivo à exportação das frutas do Vale do São Francisco". Foi muito estranho ver isso no G1 - Petrolina, altamente elogiado na região pela sua objetividade e imparcialidade.

Outro fato muito triste de toda a nossa mídia local é se vangloriar dos feitos no mercado de agricultura, sem olhar os problemas que isso causa, como a desigualdade social, pois a riqueza gerada por esse setor vão para as mãos de grandes latifundiários, a maioria forasteiros. O trabalho semi-escravo dos trabalhadores rurais, vítimas de uma jornada exaltante e de doenças causadas pelos agrotóxicos. E a degradação do rio São Francisco que essa agricultura extensiva causa, não são mostrados pela mídia.

Por que não se mostra esse outro lado? Queríamos que ficasse essa reflexão para os que trabalham com a comunicação fazerem algo diferente, pois o jornalismo é tudo menos estático, é um instrumento sujeito a mudanças, a novas abordagens.

A disciplina Crítica da Mídia é muito importante para a formação dos futuros comunicólogos, através de uma abordagem real e de observação da mídia, dos processos de construção das matérias, da história dos meios de comunicação localmente.

Por meio do blog "Observatório da Mídia do Vale do São Francisco" pudemos escrever sobre como são feitas as matérias, como elas são trabalhadas, qual o foco do autor, qual o viés político que está na sua construção. Claro que essa observação de início, após várias leituras e discussões em sala de aula, que nos deram embasamento para o trabalho. Como sempre é dito pela professora que ministra a disciplina, não devemos fazer a crítica pela crítica, mas sim nos cercar de fundamentos para fazer algo justo, verdadeiro e relevante.
         

            

Violência Jornalística

Por Cora Macedo

Dia 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e os profissionais do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) de Petrolina realizaram uma mobilização na Praça do Bambuzinho na referida data. O Blog Edenevaldo Alves publicou a iniciativa e, embora não tenha crédito, o texto claramente é de assessoria e isso pode se comprovar quando colocamos o título no Google e achamos em outro blog local exatamente as mesmas palavras, mas dessa vez com o crédito para a "Ascom".

O papel da assessoria foi feito informando a ação - mas sendo o assessor um jornalista cabe tomar para si a presente crítica. Será que um assunto tão importante não merecia ser mais problematizado pelos meios de comunicação? Foi o o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes! Não caberia dizer que esse dia foi escolhido por conta do caso de Araceli, uma menina de 8 anos que foi sequestrada,  violentada e cruelmente assassinada em 1973 no Espírito Santo? O corpo dela foi achado carbonizado 6 dias depois de ter sumido e os responsáveis nunca foram punidos. Quantas Aracelis não estão por aqui hoje?

Será que numa matéria sobre o dia 18 de maio não caberia a um jornalista dar os números de quantas crianças sofrem com isso todos os dias? Crianças e adolescentes que são violadas psicológica e sexualmente inclusive em Petrolina? Números sempre são bem-vindos já que trazem uma noção quantitativa do que realmente acontece. E ao citá-los, é importante ressaltar que com certeza são maiores, posto que muitos casos não são registrados pelos mais diversos motivos, logo não podem ser quantificados.

Não caberia colocar o que é considerado abuso, exploração e violência sexual? Não caberia colocar como prevenir? Como perceber que a criança pode estar passando por esse tipo de situação? E como denunciar? Na matéria não diz.

Aproveito esse espaço para dizer que, por favor, caso perceba que alguma criança ou adolescente pode estar passando por uma situação de exploração, acione a delegacia do seu bairro ou sua cidade, entre em contato com o Conselho Tutelar, ligue para o Disque Denúncia Nacional, vinculado à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos - disque 100. Quem se cala também é agressor. Quem tem as informações e não informa para tentar ajudar de alguma forma também é agressor.

Participar da disciplina de Crítica da Mídia, publicar textos sobre a produção local num blog denominado "Observatório da Mídia do Vale do São Francisco" e mesmo desenvolver um evento com jornalistas da região gera uma responsabilidade grande, já que não poderemos dizer que não sabíamos como deveria ser.


O exercício de analisar a mídia local não é tão fácil quando se quer desenvolver uma crítica embasada e não só por outras questões, quaisquer que sejam. Enquanto futuros jornalistas, atividades como essa ou a discussão com produtores de notícia da região - como no caso do 2º Seminário de Crítica da Mídia - geram um ambiente de crescimento. A partir do momento que conseguimos ver o que pode ser melhor na produção jornalística, quando estivermos efetivamente no mercado de trabalho, precisamos tentar ao máximo colocar em prática aquela forma melhor que pensamos. Sem violentar, expor ou omitir.

Sensacionalismo e o direito de imagem

Angel Farias


O sensacionalismo é utilizado em matérias em que se exagera na tinta e na carga emocional, que se utiliza de texto apelativo ou imagens extravagantes.  Se o objetivo do “jornalismo” sensacionalista é atrair leitores, não consigo imaginar pessoas que tenham ''atração'' por imagens de cadáveres expostos no chão, enforcados, jorrando sangue ou vítimas de acidente automobilístico presos nas ferragens. Estamos numa sociedade em que a banalização da imagem está  sem controle, selfies, e fotos  do Whatsapp. Hoje todo cidadão ao se deparar com uma acidente, por exemplo, vira repórter na hora, munido de um celular. A cobertura está feita! E nós leitores, que não somos adeptos a ver a desgraça alheia, temos que receber tudo isso e, por vezes, ficamos inertes em filtrar. 

Nesta semana mais um crime chocou os moradores da cidade de Petrolina PE, mais uma vítima da violência armada e da violação dos direitos humanos. A matéria veiculada em diversos blogs, sites de notícias, e na TV no GRTV 2º edição. A matéria tem o seguinte título: ’'Carroceiro é morto a tiros no bairro Pedro Raimundo''. Mais uma vez a Constituição foi  ferida no seu artigo 5º, inciso X, no que diz respeito ao direito da imagem. Fotos e vídeos deste assassinato foram publicados no conhecido Blog do Carlos Britto.

O vídeo mostra o momento exato do crime, e o desespero da companheira da vítima. Já nas fotos, o corpo está exposto em cima da carroça com sangue por todo lado apenas com efeitos para borrar a foto. Além de serem imagens fortes que chocam, ainda expõem a vítima e a família. Não podemos permitir que notícias assim sejam veiculadas como se seguissem "padrões" de noticiablidade corretos e aceitar que isso seja normal. 

Está sendo um grande desafio para nós, estudantes de comunicação, realizar estas analises críticas nos veículos de comunicação da região. Grande parte das notícias que analisamos vemos o contraste com o que aprendemos na sala de aula e o que é feito fora dos muros da universidade. É um desafio porque daqui a pouco estaremos fora e como reagiremos? Vamos conseguir colocar em prática o que aprendemos? Conseguiremos ser críticos e ao mesmo tempo respeitar a linha editorial da empresa ao ponto de emplacar um texto, uma matéria?
Com a disciplina Crítica da Mídia pudemos apurar e afinar o nosso censo crítico com relação ao que lemos e na forma que escrevemos. Tivemos a oportunidade de discutir a comunicação com dois veículos da região, de TV e rádio e exercitar o que foi discorrido nas aulas e nesses eventos escrevendo no blog  "Observatório da Mídia do Vale do São Francisco".




A liberdade feminina: Além de um só lado da moeda


                                                                                                            Thamires Costa



A matéria Velho Chico e os Espaços de Empoderamento Feminino, do blog Ponto Crítico teve o objetivo de criticar alguns padrões femininos que ainda são impostos na sociedade , e foca especialmente na novela Velho Chico, que como ela mesma reforça, vem recebendo duras críticas pela forma como vem sendo construída numa mistura de presente e passado que confunde a cabeça das pessoas e não descreve nem de longe a realidade nordestina.

As afirmações são pertinentes em alguns momentos e em outros parecem querer quebrar um estereótipo criando outros, quando na verdade, deveria defender a liberdade feminina em todas as suas dimensões e aspectos. Ao afirmar que esperar o casamento é uma construção machista e que por isso deve ser combatida por todas as mulheres, ela esquece as outras tantas mulheres que querem isso para si, e repito, para si.

O texto tinha o claro objetivo de defender a força da mulher nordestina que não está tendo representatividade na exibição global e isso é válido, porém ela se perde na construção do seu texto deixando espaço para alguns tipos de preconceito e alguns posicionamentos que inclusive podem deixar outras mulheres se sentindo mal por não serem tão ousadas, tão independentes e tão fortes como deveriam ser em pleno século XXI, trabalhando, estudando e fazendo inúmeras outras atividades importantes e válidas.

Reforçar a luta feminina e o quanto já alcançamos e vencemos, combater preconceitos e conceitos machistas e dar a mulher entendimento da sua força e do seu valor são necessários diante da sociedade em que vivemos que ainda enxerga a mulher como incapaz reduzindo-a a pequenos espaços.

A questão é que isso deve ser feito valorizando e reforçando a diversidade feminina, mostrando para ela, que ela não é anormal se quiser ou não ter filhos, se quiser ou não casar; se quiser ou não, construir uma família; se quiser ou não ser virgem até o casamento. Esse é o ponto central da liberdade, quando ela é de fato liberdade. É importantes ter Beatrizes e Marias ganhando espaço, porém se existirem outras com características diferentes e por livre escolha, elas também são bem vindas e vão ser respeitadas e abraçadas enquanto mulheres, afinal, o lugar da mulher é onde ela quiser, desde o aconchego do seu lar até as grandes empresas e cargos.

A crítica não é contra a ideologia, mas sim contra a construção do texto que pode soar preconceituoso em outros aspectos e por outros olhares, quando não se deixa clara a importância da liberdade feminina em concordar e discordar, em aceitar e questionar. O texto poderia reforça sua crítica descrevendo a predominância de algumas características nas personagens femininas que reforçam preconceitos, mas reforçando que a mulher é plural e que essa pluralidade deveria ser mostrada, mas sem criticar as características de outras diferentes.

A disciplina é super importante e reforça o nosso senso crítico e a nossa busca por entender nas entrelinhas mensagens que são passadas nos meios de comunicação e que precisam sim ser discutidas em sala de aula por alunos de jornalismo. O treino no laboratório, através do Observatório da Mídia do Vale do São Francisco, onde tivemos a oportunidade de exercitar nossa crítica e a nossa escrita, enriqueceram ainda mais nossa visão do espaço que estamos inseridos e da nossa condição de futuros jornalistas, deixando inclusive o questionamento: "eu vou fazer diferente?".
E com esse questionamento eu concluo esse ciclo, de forma a tentar um dia responder de forma positiva. Sim, eu fiz e faço diferente.

Link da matéria:

http://pontocritico.org/20/05/2016/velho-chico-e-os-espacos-de-empoderamento-feminino/

sábado, 30 de abril de 2016

O Espaço da Cultura nos Blogs da Região

                                                                                       por Jorge Luis Alencar

O jornalismo cultural passa nos últimos anos por uma crise de identidade em quase todos os jornais do país. Considerado um dos mais importantes e influentes  a editoria de cultura é relegado a um segundo plano em detrimento de outras editorias. Essa é uma tendência que desde os anos 90 quando o jornalismo cultural deixou de ter um caráter crítico e adotou um modelo mais objetivo.

Para analisar os espaços dado a cultura na região do Vale do São Francisco focamos nos blogs do Vinicius de Santana e Carlos Britto, nas reportagens sobre o Aldeia Vale dançar- 9º Festival de Dança do Vale do São Francisco. Para isso é importante considerar as características dos dois blogs. No quesito linguagem o jornalismo cultural praticado pelos dois blogs é mais informativo que opinativo e interpretativo. No blog do Vinicius há um lead mais bem trabalhado e textos bem escritos se compararmos com os textos do Carlos Britto.

Outro ponto de destaque é a falta de entrevistas com os artistas, diretores ou responsáveis pelo evento, e a ausência de fontes declaradas nos textos dos blogs, sugerindo que o jornalismo cultural da região é quase sempre pautado pelas assessoria  de imprensa, o que é extremamente danoso para a qualidade de informação.

O conteúdo é uma agendamento das matérias, parecem seguir  a regra de divulgar o evento ao invés de cobrir o evento. Nos dois não existe uma preocupação de informar sobre a edição anterior do festival, nem como funciona, não tendo nenhuma visão crítica do evento.

A crise do jornalismo cultural afeta também a Região do Vale do São Francisco, os motivos são muitos: falta de espaço nos meios de comunicação das cidades, uma visão distorcida de que a cultura é para ricos, e de que o jornalismo hoje tem que ser diversificado, e que cultura não é rentável.

A mesma coisa em todas as coisas

Por Karen Lima

As definições de "release", sejam encontradas em dicionários ou em livros de Assessoria de Comunicação, informam que é um texto jornalístico breve, com informações básicas sobre variados assuntos sobre a instituição ou pessoa assessorada. O objetivo é que, ao divulgá-lo, seja despertado o interesse dos jornalistas para que apurem as informações, busquem entrevistados, por meio da assessoria, e produzam suas matérias. Com muita frequência, leitores de blogs, estudantes de jornalismo e a sociedade em geral, encontram matérias repetidas e escritas da mesma maneira, ainda que em vários meios de comunicação diferentes de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). É o caso, por exemplo, do evento "Startup Weekend Petrolina", que será realizado em junho.

No dia 28 de março, o Blog do Patrício Nunes divulgou uma matéria com o título "Prefeitura de Petrolina estabelece parceria com o Startup Weekend", onde informava, já nas primeiras linhas, que a Secretaria-Executiva de Juventude e Qualificação Profissional da Prefeitura de Petrolina iria contribuir com o evento. Este tipo de informação, no início da matéria, enaltecendo alguma ação da instituição mencionada, é característico de releases escritos por assessorias de comunicação. Ao longo da matéria, há detalhes básicos como informações sobre o evento, seu objetivo, o dia que irá ocorrer, como fazer as inscrições, além de um depoimento do secretário e outras informações.

Ao final da matéria, é mencionado a origem do texto, que é da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Petrolina, o nome do estagiário que escreveu e da jornalista que o orientou. Estas informações nem precisariam existir para que o leitor crítico percebesse que se trata de um release. Ao visitar o site da Prefeitura de Petrolina, encontra-se este mesmo release, publicado, posteriormente, pelo Blog do Patrício Nunes, com o mesmo título, com as mesmas informações, sem nenhum tipo de alteração. Ou seja, o release divulgado pela assessoria, que deveria ser usado apenas como base para a produção de uma matéria, foi reproduzido pelo blog de forma integral.

Ainda ontem (29), foi postado no site da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) um release sobre o mesmo evento. O texto contém informações sobre as inscrições, a programação, depoimentos de professores da universidade que fazem parte da organização, entre outros detalhes. Este release foi divulgado para diversos veículos de comunicação da região e, hoje (30), o Blog Waldiney Passos publicou uma matéria com o título "Startup Weekend Petrolina acontecerá em junho na Univasf", igual ao usado no release da Univasf. Ao continuar a leitura, percebe-se que a matéria do blog é exatamente igual à divulgada pela instituição, sem nenhum tipo de modificação e informação adicional e, ainda pior, sem a fonte, informando que o texto foi reproduzido da assessoria de comunicação.

A assessoria faz seu trabalho, divulgando as ações realizadas por sua instituição assessorada, através de produção de releases e divulgação para os meios de comunicação. Neste caso, o Blog Waldiney Passos e do Patrício Nunes fizeram o trabalho de copiar, colar e postar os releases, diferente do que deveria acontecer em veículos jornalísticos. No caso do Blog Waldiney Passos, a situação é ainda mais complexa, pois foi utilizado um texto, ou seja, uma propriedade intelectual, de uma outra pessoa, sem os devidos créditos.

Para Adriana Santana (2008), no seu texto  "Jornalismo sem conflito: a ‘cordialidade’ e acomodação na atividade jornalística", citado por Luana Magalhães, em seu artigo "Aquestão ética e a relação entre jornalistas e assessores": Por meio de faxes, da web, de uma ou outra ligação telefônica, das visitas cortesias e coletivas de imprensa, e não mais da apuração jornalística, entram nos veículos de comunicação os fatos já travestidos, transformados em textos noticiosos, que em breve virarão notícia balizadas pelos e nos jornais, redes de televisão e rádio e sítios de notícias. Aos reais produtores dessas notícias, assessores de imprensa, marqueteiros e relações públicas cabe a responsabilidade pela pauta, apuração, checagem e redação final das matérias. Aos repórteres e editores, a mera reprodução de notícias.

Esta é uma questão que merece destaque nas discussões realizadas no campo do jornalismo, principalmente, em nossa região. Não apenas para incentivar a apuração e criação de matérias jornalísticas de maneira mais aprofundada, como de forma mais responsável, divulgando, caso seja uma reprodução, de onde é esta reprodução. Isto, em respeito àqueles que gastaram seu tempo apurando, escrevendo, investigando, como em respeito aos leitores, que não podem deixar de saber que aquele texto é um tipo de "publicidade" da própria instituição. Claro que é ótimo para a assessoria que o nome da sua instituição esteja em veículos de comunicação, que seus eventos sejam divulgados, mas é ainda melhor, que isso seja feito de forma consciente. A população acha bom e o jornalismo agradece.