sábado, 21 de maio de 2016

A liberdade feminina: Além de um só lado da moeda


                                                                                                            Thamires Costa



A matéria Velho Chico e os Espaços de Empoderamento Feminino, do blog Ponto Crítico teve o objetivo de criticar alguns padrões femininos que ainda são impostos na sociedade , e foca especialmente na novela Velho Chico, que como ela mesma reforça, vem recebendo duras críticas pela forma como vem sendo construída numa mistura de presente e passado que confunde a cabeça das pessoas e não descreve nem de longe a realidade nordestina.

As afirmações são pertinentes em alguns momentos e em outros parecem querer quebrar um estereótipo criando outros, quando na verdade, deveria defender a liberdade feminina em todas as suas dimensões e aspectos. Ao afirmar que esperar o casamento é uma construção machista e que por isso deve ser combatida por todas as mulheres, ela esquece as outras tantas mulheres que querem isso para si, e repito, para si.

O texto tinha o claro objetivo de defender a força da mulher nordestina que não está tendo representatividade na exibição global e isso é válido, porém ela se perde na construção do seu texto deixando espaço para alguns tipos de preconceito e alguns posicionamentos que inclusive podem deixar outras mulheres se sentindo mal por não serem tão ousadas, tão independentes e tão fortes como deveriam ser em pleno século XXI, trabalhando, estudando e fazendo inúmeras outras atividades importantes e válidas.

Reforçar a luta feminina e o quanto já alcançamos e vencemos, combater preconceitos e conceitos machistas e dar a mulher entendimento da sua força e do seu valor são necessários diante da sociedade em que vivemos que ainda enxerga a mulher como incapaz reduzindo-a a pequenos espaços.

A questão é que isso deve ser feito valorizando e reforçando a diversidade feminina, mostrando para ela, que ela não é anormal se quiser ou não ter filhos, se quiser ou não casar; se quiser ou não, construir uma família; se quiser ou não ser virgem até o casamento. Esse é o ponto central da liberdade, quando ela é de fato liberdade. É importantes ter Beatrizes e Marias ganhando espaço, porém se existirem outras com características diferentes e por livre escolha, elas também são bem vindas e vão ser respeitadas e abraçadas enquanto mulheres, afinal, o lugar da mulher é onde ela quiser, desde o aconchego do seu lar até as grandes empresas e cargos.

A crítica não é contra a ideologia, mas sim contra a construção do texto que pode soar preconceituoso em outros aspectos e por outros olhares, quando não se deixa clara a importância da liberdade feminina em concordar e discordar, em aceitar e questionar. O texto poderia reforça sua crítica descrevendo a predominância de algumas características nas personagens femininas que reforçam preconceitos, mas reforçando que a mulher é plural e que essa pluralidade deveria ser mostrada, mas sem criticar as características de outras diferentes.

A disciplina é super importante e reforça o nosso senso crítico e a nossa busca por entender nas entrelinhas mensagens que são passadas nos meios de comunicação e que precisam sim ser discutidas em sala de aula por alunos de jornalismo. O treino no laboratório, através do Observatório da Mídia do Vale do São Francisco, onde tivemos a oportunidade de exercitar nossa crítica e a nossa escrita, enriqueceram ainda mais nossa visão do espaço que estamos inseridos e da nossa condição de futuros jornalistas, deixando inclusive o questionamento: "eu vou fazer diferente?".
E com esse questionamento eu concluo esse ciclo, de forma a tentar um dia responder de forma positiva. Sim, eu fiz e faço diferente.

Link da matéria:

http://pontocritico.org/20/05/2016/velho-chico-e-os-espacos-de-empoderamento-feminino/

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