sábado, 21 de maio de 2016

Setor agrícola em alta na região e a imprensa repetindo os mesmo erros

Lucas Sobreira
A crise econômica está afetando a maioria dos trabalhadores brasileiros, aqui no Vale do São Francisco estamos na contramão dessa estatísticas, apesar de alguns setores estarem recuando na oferta de empregos, em outras áreas estão sendo gerados, como no setor de serviços. Prova disso é que Juazeiro está nas primeiras posições de geração de empregos no país, Petrolina não fica atrás. Mas o setor que mais têm se beneficiado da crise, e consequentemente da alta do dólar, é o de fruticultura irrigada que está vendo suas vendas para o exterior aumentarem em mais de 100%.

Em matéria publicada no G1 - Petrolina, no dia 18 de maio fala justamente disso: "Cresce em quase 121% a exportação de frutas do Vale do São Francisco". A reportagem fala com os produtores entusiasmados, que falam que apesar da diminuição das vendas no mercado interno, o externo supre a demanda. Há também na matéria a fala do vice-prefeito, deputado federal e agrônomo, Guilherme Coelho, sobre a sua nova jornada na Câmara Federal em defesa dos projetos irrigados da região.

Questionamos o por que de Guilherme Coelho ser um dos entrevistados, já que ele pertence a família dona do portal e a matéria está claramente direcionada para mostrar as benfeitorias que ele pretende realizar como na frase: "Ele diz que sua atuação será voltada para defender o setor produtivo agrícola e apoiar o incentivo à exportação das frutas do Vale do São Francisco". Foi muito estranho ver isso no G1 - Petrolina, altamente elogiado na região pela sua objetividade e imparcialidade.

Outro fato muito triste de toda a nossa mídia local é se vangloriar dos feitos no mercado de agricultura, sem olhar os problemas que isso causa, como a desigualdade social, pois a riqueza gerada por esse setor vão para as mãos de grandes latifundiários, a maioria forasteiros. O trabalho semi-escravo dos trabalhadores rurais, vítimas de uma jornada exaltante e de doenças causadas pelos agrotóxicos. E a degradação do rio São Francisco que essa agricultura extensiva causa, não são mostrados pela mídia.

Por que não se mostra esse outro lado? Queríamos que ficasse essa reflexão para os que trabalham com a comunicação fazerem algo diferente, pois o jornalismo é tudo menos estático, é um instrumento sujeito a mudanças, a novas abordagens.

A disciplina Crítica da Mídia é muito importante para a formação dos futuros comunicólogos, através de uma abordagem real e de observação da mídia, dos processos de construção das matérias, da história dos meios de comunicação localmente.

Por meio do blog "Observatório da Mídia do Vale do São Francisco" pudemos escrever sobre como são feitas as matérias, como elas são trabalhadas, qual o foco do autor, qual o viés político que está na sua construção. Claro que essa observação de início, após várias leituras e discussões em sala de aula, que nos deram embasamento para o trabalho. Como sempre é dito pela professora que ministra a disciplina, não devemos fazer a crítica pela crítica, mas sim nos cercar de fundamentos para fazer algo justo, verdadeiro e relevante.
         

            

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